O Conceito de Gênero desenvolvido a partir da década de 1960 vem de forma gradativa se estruturando e estabelecendo-se enquanto categoria de analise cientifica. Dessa forma, mostra-se como um instrumento eficaz nos estudos das construções sociais. Essa nova perspectiva analítica procura perceber “a criação inteiramente social das idéias sobre os papeis próprios aos homens e mulheres” .
A emergência deste conceito só foi possível por causa da ocorrência de mudanças nas estruturas sociais, onde a partir da década de 1960 surgiram os movimentos feministas, que adentram as academias pela necessidade de pensar teoricamente a condição do feminino no corpo social. As mulheres passaram a reivindicar a equidade nas relações sociais, e as(os) teóricas(os) começaram a pensar as condições que determinam os papeis dos agentes sociais, a partir de processos que se constroem de forma a levar em consideração a relação sexual/social. Começou a se perceber os discursos que legitimam e reproduzem a situação de marginalização existencial das mulheres. Sendo assim, como afirma Ana Maria Colling:
A história das mulheres é uma história recente, porque desde o século XIX, quando a História se transforma em disciplina cientifica, o lugar da mulher dependeu das representações dos homens, que foram, por muito tempo, os únicos historiadores. Na década de 60, as mulheres quiseram contar a sua história, olharam para trás e viram que não tinham nenhuma. Não existiam, eram somente uma representação do olhar masculino. Os homens a contavam. Por isso, falar do feminino é falar das representações que esconderam este feminino ao longo da História .
É na luta de visibilidade da ‘questão feminina’, pela conquista e ampliação dos seus direitos específicos, pelo fortalecimento da identidade da mulher, que nasce um contra discurso feminista e que se constitui um campo feminista do conhecimento, [contudo], a categoria relacional do gênero desinveste a preocupação de fortalecimento da identidade mulher, ao contrário do que se visava inicialmente com um projeto alternativo de uma ciência feminista . O conceito de gênero nasceu de um movimento político de militância, onde se pretendia inicialmente lutar pela emancipação do sujeito mulher, para só depois teorizá-lo.
A análise de Gênero é uma nova postura científica que emerge junto ao que chamamos de pós-modernidade, e que deve ser aplicada em todas as áreas do conhecimento humano se quisermos repensar e modificar nossas práticas sociais, para construirmos uma sociedade onde as relações não se basearão na exploração, desqualificação e comercialização do outro.
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